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MAIS QUE VIVER A VIDA...


José de Jesus Santos*


Atualmente as salas de aulas no Brasil e em Sergipe têm sofrido junto as famílias dos adolescentes que estão cada vez mais se envolvendo com a bebida alcoólica, ora com o aluno, ora com seus pais ou responsáveis. Junto ao problema do álcool a violência e o uso de drogas vêm aumentando nas escolas públicas municipais e estaduais e toda a comunidade escolar vira refém dessa realidade nada feliz. Ainda mais com escolas onde próximo a elas existem bares ou mercearias que vendem bebidas alcoólicas. Para muitos autores de filmes e livros a ficção imita a vida para especialistas ela estimula – assim vem o corpo inicial de uma matéria sobre comportamento na edição 42 da REVISTA DO BRASIL de dezembro de 2009 da editora Atitude, escrita por Cida de Oliveira.
As linhas trazem a analise do comportamento das personagens da novela das oito VIVER A VIDA que muitos de nós vimos acompanhando ou de uma forma ou de outra assiste uma cena para depois dizer: “só em novela mesmo!”.
Ultimamente as novelas globais neste horário vêm com testemunhos de pessoas no final de cada capitulo onde muitos brasileiros hipnotizados suspiram o exemplo de vida...mesmo depois de ver várias vezes com seus personagens preferidos ou os odiados a atitude de infidelidade no relacionamento, o machismo de um, a aflição de uma mãe por seus filhos gêmeos se encantarem por uma cadeirante ou por uma prostituta, a ignorância do pescador, das belas jovens com uma amizade nada interessada no experiente comerciante argentino ou a falta de educação da garotinha mimada que chantageia os adultos e ainda tenta persuadir para consegui o que quer (coisa de criança?). As Helenas do autor da novela sempre são exemplos de seres filosóficos, firmes no que querem sensíveis e falíveis (mas negra é a primeira – modelo, abortou um filho, tem uma irmã envolvida com um jovem que vive no morro). Sobre a Helena noutra página podemos falar, o nosso foco é perceber até onde a ficção influencia ou imita a realidade.
Segundo a matéria publicada os primeiros capítulos da novela nos indagam se Viver a Vida é um grande e estimulante porre! Sim porre, pois taças de champanhe, vinhos, copos de wisks, cerveja... Manoel Carlos autor da novela sempre abordou temas sociais em suas obras como: Por Amor, Laços de Família, Mulheres Apaixonadas, Páginas da Vida. E nesta o alcoolismo vem encarnado na sua personagem Renata (Barbara Paz) que prefere o líquido a comida para continuar magra – onde na verdade pesquisas mostram que o álcool engorda mais que os alimentos.
Não é difícil vermos em cada capitulo ainda cenas com grandes copos verdes nos jantares familiares ou nos restaurantes – mas todos bem sucedidos (normais), enquanto os que têm problemas são exceções (são dependentes químicos). Tais cenas criam uma falsa ideia que a maioria das pessoas bebe. Segundo Ilana Pinsky, que é coordenadora do ambulatório de adolescentes da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Unifesp, “a metade da população brasileira não toma nada. Na outra metade, porém, 50% ou seja, um quarto da população, tem algum distúrbio ligado ao álcool. Os dados são do 2º Levantamento Domiciliar sobre Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, de 2005. O estudo revelou que 12,3% das pessoas com idade entre 12 e 65 anos são portadoras de alcoolismo e cerca de 75% já beberam alguma vez na vida. (...)
Esse excesso é ruim principalmente para adolescentes, que são induzidos a acreditar que todos bebem, que beber é normal, que a bebida não causa danos e é a responsável pela alegria em encontros de amigos. Convencer o publico de que todos ou quase todos bebem só interessa aos fabricantes do setor “(Revista do Brasil, nº 42, dez/2009 p.35)
Ainda na mesma pagina citada a Coordenadora do Departamento de Dependência Química da Associação Brasileira de Psiquiatria, Ana Cecília Marques, explica que “o alcoolismo é uma doença crônica, incurável, determinada por fatores biológicos e psicossociais. Entre os aspectos psicossociais que desencadeiam o beber está a propaganda, que por meio de técnicas diversas, como colocar o produto para ser bem vendido em uma novela, influencia principalmente os adolescentes”.
Não só novelas, filmes estão na roldana da indústria cultural e para o consumo das drogas lícitas ou ilegais, as musicas que muitas das vezes são cantadas com seus refrãos apologéticos a sensualidade e a violência também tem contribuído para um novo padrão de convívio na nossa sociedade. Padrão que desafia a moral e a ética vivida por todos que tem mais de 30 anos em nome dos direitos humanos universais: liberdade e igualdade. Está na hora de pensarmos bem no que ouvimos e assistimos no que dançamos e aceitamos como novos padrões de valores com nossos alunos, filhos, jovens amigos e adolescentes para não chegarmos a uma anarquia de convivência social sem causas e rumos e continuar acompanhando e apoiando ações como o Programa de Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd),  já desenvolvido em todo o Estado de Sergipe pela PM.


* Professor de História da rede pública municipal de ensino de Boquim/SE - atua como membro do Conselho Municipal de Educação de Boquim -  CMEB e delegado de Base Municipal Sindical pelo SINTESE.

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